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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

É hora de deixar a segurança da escravidão

Licínio Andrade Gonçalves

Originalmente publicado no Facebook em 25.06.2020


Não importa o horário. Todos os momentos têm sido tardes de domingo. É aquela angústia, aquela sensação de hora do "Fantástico" se aproximando, mesmo não assistindo a rede Globo.

Há algo de esquisito no ar, como se a realidade estivesse mais densa, como se o ar tivesse ficado mais viscoso. As pessoas andam tristes. Acho que é isso! A tristeza adensa, gruda e faz tudo andar como se estivéssemos com o freio de mão puxado. É que está morrendo muita gente. Muita gente também está sem perspectiva e vive uma outra morte. Há ainda quem beba dessa bebida densa, viscosa e fúnebre dos nossos dia e, envenenada a alma, saia contagiando ódio. Diferente da Covid-19, o ódio não deixa ninguém assintomático. Pior ainda, não confere imunidade definitiva.

Em italiano a palavra "bruto" quer dizer feio. Não encontrei melhor definição para os nossos dias. São tempos brutíssimos nos dois idiomas. Quando li sobre a nuvem de gafanhotos não puder deixar de lembrar das pragas do Egito. O que diriam os antigos se vissem rios de lama, mares negros de óleo, incêndios que consomem florestas, dias transformados em noites pela fumaça, cervejas envenenadas, mortes incontáveis por uma doença invisível e agora nuvens de gafanhotos. O problema é que não há Moisés que dê conta. Haja sangue de cordeiro para passar nos umbrais de nossas portas.

O anjo da morte está colhendo não só os primogênitos, mas agora leva também os anciãos. Se não fizermos nosso êxodo agora, as tropas milicianas do Faraó nos alcançarão. É hora de deixar a segurança da escravidão e nos aventuramos no deserto da liberdade. Nosso modelo de sociedade expôs suas chagas purulentas. Temos que abrir o mar, este mar denso e viscoso que se tornou nossa realidade, fazer a travessia. Vivemos em tempos divisores de águas, não nos enganemos. Resta saber quem chegará ao outro lado de pés enxutos.

Paz e Bem!

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