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BLOG DO LICÍNIO

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Farmacêutico, Professor e Franciscano Secular

sexta-feira, 23 de abril de 2010

No País das Maravilhas

Constatei um fato assustador: É proibido ficar triste nos dias de hoje!


Fossa, dor de cotovelo, calundu, crise, seja lá que nome for dado à sensação de desconforto gerado por uma decepção ou uma frustração, esta deve ser extirpada da alma a qualquer custo. Observei isso entre os jovens e, posteriormente, entre os adultos. Vivemos no mundo da fantasia gerado pelos antidepressivos.

A fluoxetina e seus congêneres, a Amitriptilina e sua turma, são hoje comuns entre meus alunos e meus colegas. Sei que ninguém é obrigado a se sentir deprimido, mas vamos e venhamos, há um exagero!

As conseqüências disso me preocupam. Como superar um crise sem vivê-la profundamente? Como sair da fossa sem mergulhar e tomar impulso no fundo do poço? Viveremos a superficialidade dos fatos, não mais teremos que chorar dias a fio para sofrer a mudança? Imaginem uma lagarta que não se encasula...como virará borboleta?

Medo de sofrer todos temos, mas devemos saber que a tristeza e alegria vivem no mesmo lugar. O que é a tristeza se não a retirada da alegria? O que é a alegria, senão o preenchimento da tristeza?

Fico a imaginar se Vinícius de Moraes tomasse Sertralina ao invés de whisky? Que seria da poesia sem a dor de cotovelo? Isso me assusta, pois um dos reflexos desta geração “Alice no País das Maravilhas” é justamente a ausência da poesia. Basta analisar as letras das músicas de maior sucesso atualmente. Pobreza de espírito e de alma. Isso se reflete também nas relações, cada dias mais impessoais.

Não forjaremos nunca nosso espírito sem o fogo da tristeza. Ele queima! Escurece o horizonte e nos dobra com facilidade. Sentimos o gosto da morte, não daquela que cessa a vida, mas que interrompe um ciclo. E eles são vários. Hoje, porém, tenta-se subverter o dito popular, pois queremos uma alegria que sempre dure e uma tristeza que nada permaneça.

Quero a poesia da dor e da alegria!
Quero mais que isso,
Quero viver a valentia!

Necessito da escuridão para valorizar a luz,
Preciso viver ressurreição para dar sentido à cruz.

Que a morte visite meu dia-a-dia
Mas não me arraste antes da hora
Embriagado em falsa euforia.

Que o medo não imobilize a alma,
E que esta, de tão sedada, não exagere a calma.

Peço a Deus que me dê Fortaleza,
Pois quem pode se tornar maduro
Evitando viver a tristeza?

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Educação de Nível Superior

Recentemente, em sala de aula, levantei a questão: Que profissional estou ajudando a formar?

Ao meu ver, formação superior vai muito além de aprendizado de técnicas ou o "decoreba" de processos fisiológicos e farmacológicos. Reter informação é diferente de saber aplicá-la.

Não quero parecer saudosista e dizer que antigamente era melhor, pois também questiono a qualidade do aprendizado que recebi. Mas o fato que salta aos olhos é que, a cada dia, são minimizados os conteúdos das disciplinas ficando apenas o "essencial".

A grande pergunta é: O que é essencial?

Segundo Antoine de Saint-Exupéry, " o essencial é invisível aos olhos". E aí? Como ficamos? As faculdades pressionadas pela concorrência, buscam cursos mais curtos e mais baratos. Em outro nível, especialmente no curso de farmácia, a obrigatoriedade da formação de profissionais generalistas, acabam colocando coordenadores de curso e colegiados em uma encruzilhada.

Seleciona-se, pois, aquilo que é fundamental à formação profissional, o que nem sempre significa o essencial. Um bolo pode ter o fundamental: farinha, ovos, leite, etc. Isso até mata a fome, mas se não tiver essência, fica a sensação de incompletude. Perde a graça!

Nossos cursos não podem se ater a dizer que existe a fosforilação oxidativa, é preciso saber o que é isso, para que serve e onde isso muda minha vida.

Certa feita, ao falar de dado tema em uma aula, ouvi de uma aluna: - Professor, para que isso serve para mim? Fiz uma pausa e depois de refletir, respondi: - Para você ser uma pessoa melhor!

Já imaginaram se Einstein, Leonardo da Vinci, Platão, Paracelsus, entre outros, descartassem o essencial e ficassem só com o fundamental? Quando sinto a essência de uma flor, esta me comunica mais que seu aspecto. Gostaria de sentir a essência em meus alunos ao invés de ouvir perguntas do tipo: - Já fez chamada? É pra entregar? Vale ponto? Cai na prova?

Com a queda do socialismo real e a preponderância do neoliberalismo, as relações também se tornaram capitalistas, ou seja, só capto aquilo que serve de imediato. O lúdico perdeu seu espaço, a não ser que gere renda. Por isso, lanço uma campanha:

NÃO AO FARMACÊUTICO GENERALISTA! SIM AO FARMACÊUTICO ESSENCIAL!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Uma coisa tem me angustiado desde a última sexta-feira. Ao fazer minha declaração de imposto de renda, descobri que trabalhei todas as noites para o Governo em 2009.
No ano passado, achando que estava fazendo muita vantagem, quase me matei trabalhando em quatro empregos nos três turnos (72h/semana). Três faculdades mais a prefeitura de Betim/MG.
Ao assumir o turno da noite em uma faculdade, julguei que aumentaria meus ganhos, porém, descobri que tudo que ganhei foi para pagar imposto de renda. Não quero nem lembrar de IPVA, IPTU, ICMS e ISS e outra centena de siglas que começam com I.
JÁ LARGUEI UM EMPREGO!

Começando devagar.

Estou iniciando este blog para servir meio de comunicação com alunos, amigos e familiares, além de expressar minha opiniões e pensamentos. Espero que os visitantes gostem e contribuam.
Obrigado.