Constatei um fato assustador: É proibido ficar triste nos dias de hoje!
Fossa, dor de cotovelo, calundu, crise, seja lá que nome for dado à sensação de desconforto gerado por uma decepção ou uma frustração, esta deve ser extirpada da alma a qualquer custo. Observei isso entre os jovens e, posteriormente, entre os adultos. Vivemos no mundo da fantasia gerado pelos antidepressivos.
A fluoxetina e seus congêneres, a Amitriptilina e sua turma, são hoje comuns entre meus alunos e meus colegas. Sei que ninguém é obrigado a se sentir deprimido, mas vamos e venhamos, há um exagero!
As conseqüências disso me preocupam. Como superar um crise sem vivê-la profundamente? Como sair da fossa sem mergulhar e tomar impulso no fundo do poço? Viveremos a superficialidade dos fatos, não mais teremos que chorar dias a fio para sofrer a mudança? Imaginem uma lagarta que não se encasula...como virará borboleta?
Medo de sofrer todos temos, mas devemos saber que a tristeza e alegria vivem no mesmo lugar. O que é a tristeza se não a retirada da alegria? O que é a alegria, senão o preenchimento da tristeza?
Fico a imaginar se Vinícius de Moraes tomasse Sertralina ao invés de whisky? Que seria da poesia sem a dor de cotovelo? Isso me assusta, pois um dos reflexos desta geração “Alice no País das Maravilhas” é justamente a ausência da poesia. Basta analisar as letras das músicas de maior sucesso atualmente. Pobreza de espírito e de alma. Isso se reflete também nas relações, cada dias mais impessoais.
Não forjaremos nunca nosso espírito sem o fogo da tristeza. Ele queima! Escurece o horizonte e nos dobra com facilidade. Sentimos o gosto da morte, não daquela que cessa a vida, mas que interrompe um ciclo. E eles são vários. Hoje, porém, tenta-se subverter o dito popular, pois queremos uma alegria que sempre dure e uma tristeza que nada permaneça.
Quero a poesia da dor e da alegria!
Quero mais que isso,
Quero viver a valentia!
Necessito da escuridão para valorizar a luz,
Preciso viver ressurreição para dar sentido à cruz.
Que a morte visite meu dia-a-dia
Mas não me arraste antes da hora
Embriagado em falsa euforia.
Que o medo não imobilize a alma,
E que esta, de tão sedada, não exagere a calma.
Peço a Deus que me dê Fortaleza,
Pois quem pode se tornar maduro
Evitando viver a tristeza?
HA HA... Cheguei até a sentir um pezar de tomar um Rivotril as vezes.. mas ah!.. Passou!! rsrs.. Texto genial! abracos!
ResponderExcluirEm poucas palavras, ótimo texto! :)
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