Por Licínio Andrade Gonçalves
Como pesquisador, cansei de ver experimentos fracassarem por estarem fundamentados em hipóteses erradas. O mesmo vem acontecendo com as análises do momento político nacional, ou seja, tendo como fundamento uma premissa errônea, não há como chegar a uma conclusão correta.
A primeira e principal premissa errônea e que vem motivando muito ódio nas ruas é a visão antiquada do que seria um governo de esquerda. Esta visão vem arraigada naqueles que, como eu, nasceram e cresceram durante a ditadura militar. Hoje em dia, quando falamos de esquerda, devemos fazê-lo pragmaticamente. Como diz Pio Giovani Dresch “não defendo coisas que no meu tempo histórico me parecem irrealizáveis. Para mim, hoje, no Brasil e no mundo, ser de esquerda é lutar pela redução das desigualdades sociais, por saúde e educação para todos, pela defesa do meio ambiente, pela igualdade de gêneros, por políticas de inclusão, contra a brutal concentração de renda”.
A premissa errônea número dois é que a corrupção é conjuntural, ou seja, está localizada física e temporalmente neste ou naquele governo. As provas recentemente recolhidas pela Operação Lava Jato junto à empreiteira Odebrecht, mostram planilhas com nomes de políticos ou não, que receberam “financiamento” da empreiteira. Alguns datam de 1980. Ou seja, a corrupção é estrutural e não conjuntural. Alternam-se os atores mas o palco permanece o mesmo. Digo mais, é provável (na verdade, certo) que este esquema exista desde de antes do governo militar.
Isso não exime ninguém de culpa! Só toco no assunto, pois a premissa de que trocar o governante acaba com a corrupção também é falsa. Como sugerido pelo Governo em 2013, logo após as manifestações que tomaram o país, a solução seria convocar uma Assembleia Nacional Constituinte para realizar uma ampla reforma política. Mas vejam bem, os representantes deveriam ser eleitos unicamente para este fim, ou acham que poderíamos deixar este assunto nas mãos dos atuais ocupantes do legislativo federal?
Há muitas outras premissas erradas, como a da isenção da imprensa e de setores do judiciário, mas prefiro deixar para outra hora. Enfim, não dá para encontrarmos respostas corretas quando fazemos as perguntas erradas, ou ainda, não podemos construir um novo país sobre os mesmos alicerces do velho e condenado sistema político.
Pense!
Fontes citadas:
http://bissexto.com.br/a-crise-e-a-solidao/http://extra.globo.com/ noticias/brasil/contabilidade- da-odebrecht-indica-pagamento- de-propina-desde-os-anos-1980- 18938164.html?utm_source= Twitter&utm_medium=Social&utm_ campaign=compartilhar
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